30 de outubro de 2013

Lembranças - Ninho estranho


     Experimentei entrar por uma abertura grande e retangular. Não sei o que me passou pela cabeça, queria me aventurar um pouco, penso eu. Lá dentro não havia espaço vazio, tudo era preenchido com alguma coisa. Não havia céu, e era tudo muito mais escuro do que deveria ser. Num segundo já não queria mais estar ali. A única fonte de luz vinha de uma abertura bem à frente, no alto, e fui sem pensar duas vezes pra lá. Queria logo sair dali, mas a luz não me permitia... tentei uma, duas, três, dez vezes!, mas tudo que eu consegui foi uma baita dor de cabeça. Sosseguei, parei e pensei. Por que é que eu entrei aqui mesmo?
    De repente algo grande e vivo veio em minha direção. Fazia sons estranhos e assustadores, mas ao mesmo tempo não queria se aproximar muito de mim. Era comprido e tinha dois olhos bem grandes. Olhei no fundo deles enquanto a coisa se aproximava, sem chegar muito perto. Parecia estar com medo ou com nojo de mim. Dei no pé. Procurei outra fonte de luz que pudesse me tirar dali. Coisas e mais coisas pra todo lado... onde quer que eu estivesse, devia ser o ninho da coisa. 
    Achei uma luz, mas parei antes de tentar chegar nela... e se não me deixasse sair novamente? A coisa me seguiu e em segundos estava atrás de mim de novo. Azar, essa luz tem que me deixar passar! Fui confiante em sua direção e... enfim! O céu azul, o vento fresco, o sol morninho. Do alto, olhei pro ninho da coisa... ô ninho grande e confuso! Nunca mais entro aí. Lá de dentro, duas coisas me olhavam e faziam mais sons estranhos.

- Mas que juriti besta! Que veio fazer aqui dentro? Que será que ela viu aqui?
- Boa pergunta... mas coitadinha, tá lá recuperando o fôlego. Pelo menos conseguiu achar a janela sozinha.

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