23 de julho de 2013

Lembranças: A moça bonita e as maritacas

Foto de Ruth Maeda
     Quase todos os dias pela manhã eu encontro com uma moça muito bonita no tubo do ônibus. Pra entender melhor a boniteza dela, imagine que se ela fosse uma atriz, seria a filha da Natalie Portman com a Carey Mulligan. Mas bem, além da beleza natural (ela não usa um pingo de maquiagem), ela sempre está bem vestida, no sentido bonito e confortável. Casacos bem felpudinhos e elegantes, botas quentinhas e de bom gosto. Não a conheço, e nem ela me conhece. O máximo de contato que já tivemos foi uma troca de olhares rápida e acidental. 
     Aqui no bairro onde moro, as ruas estão cor-de-rosa nessa época do ano por conta das cerejeiras que acabaram de florir. Nos dias mais bonitos, as maritacas vêm comer as flores, e é uma cena bem engraçadinha de se assistir. Elas derrubam metade das que conseguem pegar, e aí fica chovendo flor ♥. Por várias vezes me peguei parada em baixo das árvores e olhando pra cima, observando as maritacas fazerem seu banquete cor-de-rosa.
     Certo dia acordei atrasada pro trabalho, e saí apressada de casa. Virando a esquina da rua mais cheia de cerejeiras por perto de casa, dei de cara com a moça bonita, parada em baixo de uma chuvinha de flores, observando as maritacas, assim como eu faço. Ela usava um casaco vermelho, e pela primeira vez a vi com os cabelos completamente soltos. Não pude deixar de sorrir. Ela, ao notar minha empatia com o momento, me ignorou envergonhou-se, e saiu andando apertando o passo, afinal, pegávamos o ônibus no mesmo horário, e estávamos atrasadas.
     Eu não sei porque, mas ganhei meu dia sabendo que a moça bonita parou pra ver as maritacas. E agora toda vez que a vejo, fico com vontade de puxar conversa sobre passarinhos.
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