O desencanto de morar sozinha

     No auge da minha aborrecência adolescência, tudo o que eu mais queria era morar sozinha. Oras, eu poderia fazer tudo o que quisesse! Todo final de semana seria festa, meu cabelo poderia ser da cor que eu bem entendesse sem ninguém pegar no meu pé, fazer tatuagem nova seria tão fácil quanto trocar de roupa, e, principalmente: finalmente ficaria longe dos meus pais!

     Pois bem, cá estou eu, morando sozinha com o cabelo ferrado, com o dinheiro contadíssimo, com praticamente o mesmo número de tatuagens de antes e morrendo de saudade dos meus pais. Pois é! Sempre vejo a galera que mora com os pais reclamando da vida, assim como eu fazia, e a única coisa que consigo pensar é: pobrezinhos. 

    Morar sozinha não é lá essas maravilhas não. Claro que a liberdade aumenta, e muito, mas pra mim ela não compensa o número de coisas das quais sinto falta. E vou demorar bastante pra me acostumar a viver sem elas. E são coisas tão simples que só quem mora sozinho vai entender, porque a gente nem percebe o quanto elas são importantes antes disso. Sabe quando sua mãe te acorda pra ir pra aula? Aquele cheirinho de café que invade seu quarto muito antes de você ter coragem de levantar? Sabe quando sua mãe pede pra você colocar a mesa da janta? Ou quando seu pai te chama pra ajudar a cuidar do jardim? E os filminhos antes de dormir? Até as broncas dão saudade. Nem tanto, mas dão.

     Descobri, do jeito mais difícil, que crescer não é nada fácil. Que deixar as coisas pra trás, muito menos. E que pai e mãe é a melhor coisa que existe no mundo! E que eles fazem uma falta que não sei nem descrever.

Sdds papai e mamai