5 de dezembro de 2012

Sorrisos escondidos


     Na história do Peter Pan, a mãe de Wendy, a Sra. Darling, tinha um beijo guardado no canto da boca.
A sra. Darling era uma mulher encantadora, tinha uma mente romântica e uma boca muito doce e debochada. Sua mente romântica era como aquelas caixinhas, uma dentro da outra, que vêm do desconcertante Oriente: por mais que encontremos caixinhas, sempre vai haver mais uma. E sua boca doce e debochada possuía um beijo que Wendy nunca conseguia pegar, embora lá estivesse ele, perfeitamente conspícuo no canto direito. 
     A primeira vez que li Peter Pan precisei passar os olhos uma porção de vezes por esse mesmo parágrafo tentando entender o que seria o tal do beijo escondido. Pois bem, hoje eu entendi. Encotrei não um beijo, mais um sorriso escondido.
     Caminhando pela rua em torno de 7h da manhã, escutando os passarinhos piarem mil vezes seus bom-dias, todos os dias indo para a aula, encontro quase sempre as mesmas pessoas. A senhora corpulenta com seu cachorrinho minúsculo e ofegante, o rapaz que nunca usa outra cor se não o preto, os pedreiros sem vergonhas das obras pelo caminho, o dono da padaria da esquina. Hoje encontrei uma senhorinha oriental, pequenininha como só os orientais conseguem ser, com o cabelo manchado de branco e cinza, o corpo meio curvado com o peso do tempo. Quando nossos olhares se encontraram, nos encaramos por meros milésimos de segundos, mas foram eles que a deram confiança para que deixasse seu sorriso escondido se mostrar para mim. Seguido de um fofíssimo bom dia.
     Passei a pensar que todo mundo guarda um sorriso, e que não custa nada mostrá-lo de vez em quando para alguém. Desesconda seu sorriso! :)
     

Um comentário:

  1. Ah :) Adorei! Acho que darei mais sorrisos hoje, pensando no seu texto.
    Beijo e feliz Natal!

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