30 de agosto de 2013

Lembranças - A família no ônibus



       Essa semana peguei ônibus lotadérrimo, como de costume em hora de hush. A única coisa que evitou que eu me irritasse com os empurrões, encontrões e contato humano indesejado foi a conversa de duas crianças, um menino de uns 10 anos e uma menina de uns 7, e sua mãe.

- Tem lição de casa, filha?
- Tem, mais não muita.
- Ah, ela nunca tem muita, tá só na 2ª série - o irmão cortou - mas eu tenho bastante. Mãe... quando eu estiver na faculdade vou ter o quê? Um milhão de tarefas?
Nessa hora eu não pude me conter e sorri.
- É filho, quando você estiver na faculdade vai viver pra estudar.
- E o que a gente faz na faculdade, mãe?
- Você aprende uma profissão, aprende a fazer o que você quer ser quando crescer.
- Ah, então eu quero fazer faculdade de skate e futebol.
Aí é que não pude mesmo me controlar, e caí na risada. E não só eu... todos que podiam ouvir a conversa estavam no mínimo sorridentes.
- Filho, não existe faculdade disso! Tem Educação Física...
- Ah então pronto, vai ser Educação Física. E mais uma.
- Mais uma?
- Não, mais duas. Vou fazer três faculdades.
Eu queria morrer por dentro. Queria ainda ter o pique de uma criança de 10 anos querendo fazer 3 faculdades. Nisso, a menina também entrou na conversa:
- Eu queria fazer faculdade de balé e ser cantora. Mas como que faz duas faculdades?
- Faz uma de manhã e uma de tarde, oras! - era óbvio pro menino. 
- Eu quero fazer faculdade de balé pra poder ser professora substituta.
- Substituta? - o menino se assustou e virou pra irmã com cara de deboche - Mas substituta é mulher que não casa!
Eu queria me enfiar num buraco e morrer de rir sozinha. Provavelmente o menino estava confundindo a palavra substituta com outra meio parecida, tipo... prostituta.
- Ih, quem é que te falou isso? - a mãe também queria rir - Substituta é que substitui, filho.
- É, quando a professora não for, eu que vou dar aula no lugar dela, entendeu? - explicou a irmã.
- Ah... que nem o Flávio?
- Isso, ele é o substituto do pai de vocês.
Nesse ponto a conversa ficou mais familiar e eu já tinha que descer do ônibus. Mas desci feliz, lembrando dos meus 7/10 anos, quando o mundo era só descoberta e parecia tão pequeno e tão fácil de abraçar...

Um comentário:

  1. Conversa entre crianças é sempre uma coisa mto boa de se ouvir, bate uma saudade grande e até se aprende algo hahah'

    Como diria minha mãe, é a idade de "querer abraçar o mundo com as pernas" xD

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